Seria a volta da censura ou da inquisição?
Alguns dias atrás fui à uma livraria comprar livros de RPG que há muito queria, porém, ao chegar lá, descubro que os livros foram recolhidos. Indignado, procurei mais na internet sobre o assunto e não havia nenhuma notícia, tudo o que eu sabia era que o funcionário me informou que os livros foram proibidos. Pelo que me consta, livros de RPG tem um histórico bem peculiar no Brasil, talvez o único país no mundo a banir coisas que considere bruxaria. Ora, um bando de crianças fingindo ser criaturas sobrenaturais para se divertirem, o que há de mal nisso? Será que nunca leram Monteiro Lobato, meus caros governantes? Pensem um pouco antes de assinar leis proibindo a livre literatura, afinal, nem todos vão se tornar anti-cristos por causa do seu medo.
Retirado do site da Devir, a maior livraria no aspecto RPG:
Vampiro - O Réquiem
Una-se à recriação da tradição da Narrativa. Vampiro: O Réquiem lhe convida a contar suas próprias histórias ambientadas no mundo dos Membros. Esse livro inclui as regras para utilizar vampiros nas crônicas do Mundo das Trevas, abrangendo todas as facetas dos cinco clãs, das Disciplinas e das linhagens, e inclui sugestões de narrativa e uma grande variedade de sistemas de regras relacionadas aos mortos-vivos.
Observações:
Para usar Vampiro - O Réquiem você precisa do livro Mundo das Trevas.
Inadequado para menores de 16 anos
Motivo: Assassinato, agressão física, consumo de drogas lícitas e exposição de cadáver
RPG significa Role-Playing Game, ou grosseiramente traduzindo, Jogo de INTERPRETAÇÃO! Como que o mais belo hábito essencial do homem, que é contar histórias, pode levar ao assassinato, agressão física, consumo de drogas e exposição de cadáver? Mesmo antes de existir uma igreja que nos dissesse o que é do demônio e o que não é, o homem já exercia o hábito de contar histórias, seja nas paredes das cavernas ou nas belas trovas, mas ainda antes do homem pensar em contar suas desventuras, já existiam os assassinos. Todas essas coisas fazem parte do homem, e não vai ser o banimento de livros que fará com que isso mude. A Igreja já tentou isso no Index Librorum Prohibitorum no século XVI e o resultado foi a destruição de livros importantíssimos e um atraso mental geral da população por anos. Se o objetivo for imbecilizar a população, aí sim, eu concordo com a lei.
Deve-se ressaltar que o ser humano possui o maldito livre arbítrio, ou seja, pode-se proibir o RPG, mas a opção por matar, usar drogas e o resto da lista estará lá, sempre. Nos anos 80, havia um certo modismo, principalmente entre jovens americanos, fascinados pela morte, de ficarem próximos a cadáveres, mas isso por influência de filmes de horror e também porque o satanismo era moda, mas eles que escolheram isso, o filme não chegou à suas casas com mensagens subliminares ou outras coisas para dizer “adorem o capeta”. Nas universidades, digo sem medo de errar que pelo menos 80% dos alunos que jamais ouviram falar de RPG usam, no mínimo, maconha, possivelmente, todo dia. A agreção física pode ser explicada até pela ciência, são pessoas com baixo nível serotoninérgico que se enfurecem por qualquer coisa e, convenhamos, em qualquer jogo existem os maus perdedores. E tirando o assassinato que é mais comum em baile funk que em sessões rpgísticas, nada daquela lista é nem um pouco ilegal e nem faz sentido, pois eu já li alguns dos livros, muito bem escritos por sinal, mas não cheguei a ler nenhuma mensagem me mandando me alcoolizar e garanto, estou entre os raros universitários que não bebem ou fumam.
Agora que já dissertei sobre a falta de sentido nas alegações legais, vamos analizar um caso mais específico, o caso da famosa “menina de Ouro Preto”, aquela que, supostamente, foi assassinadas em uma sessão de RPG em um ritual satânico por seus amigos, um fato que gerou sussecivas matérias e switches infinitos praguejando contra o jogo e até uma risível interpretação de Arnaldo Jabor no Jornal da Globo, utilizando de toda sua parcialidade para dizer com todas as letras e em rede nacional “RPG é coisa do diabo”. O que a maioria da população não faz nem idéia, é que a menina em questão estava envolvida com drogas (mais uma universitária comum) e arranjou problemas com o traficante que resolveu matá-la e as pessoas superticiosas juntaram a macumba do cemitério em que foi morta com o fato de jogar RPG e soltaram essa versão fantasiosa e tosca. Muito tempo depois, os jornais publicaram erratas sobre o acontecimento, mas tão pequenas que ninguém deve ter sequer reparado. Agora, graças ao 4º poder, a mídia, as pessoas acreditam num tal de “jogo que mata pessoas”, mas não estamos falando de Jumanji, mas de um inofensivo livro que, no máximo, pode fazer com que as pessoas contestem a existência de Deus e isso é um ultrage enorme em nosso país onde a grande maioria são católicos e evangélicos disputando para ver quem consegue mais fiéis ou quem consegue legitimar sua ordem de maneira mais eficaz.
Nesse rítmo, nosso país não será apenas o único a proibir os jogos de role-play, mas também proibirão Nietzsche, Marx, filmes de horror e qualquer outra coisa que lhes pareça ofensiva e, no caso da cultura oriental, já existem até processos para banirem os mangas.
Lula, não estão pedindo seu autógrafo, leia o que você assina, pode estar matando alguém por isso, nesse caso, matando nosso livre arbítrio, nossa opção de escolha, e nossas mentes. A proibição da literatura só vai causar um país mais burro e ignorante, mas o que estou falando? Afinal é isso mesmo que os políticos pretendiam desde a velha república... Se voltarão com a ditadura ou o Index, façam de vez e parem de comer pelas beiradas, assim eu posso deixar meu país sem arrependimentos.
Retirado do site da Devir, a maior livraria no aspecto RPG:
Vampiro - O Réquiem
Una-se à recriação da tradição da Narrativa. Vampiro: O Réquiem lhe convida a contar suas próprias histórias ambientadas no mundo dos Membros. Esse livro inclui as regras para utilizar vampiros nas crônicas do Mundo das Trevas, abrangendo todas as facetas dos cinco clãs, das Disciplinas e das linhagens, e inclui sugestões de narrativa e uma grande variedade de sistemas de regras relacionadas aos mortos-vivos.
Observações:
Para usar Vampiro - O Réquiem você precisa do livro Mundo das Trevas.
Inadequado para menores de 16 anos
Motivo: Assassinato, agressão física, consumo de drogas lícitas e exposição de cadáver
RPG significa Role-Playing Game, ou grosseiramente traduzindo, Jogo de INTERPRETAÇÃO! Como que o mais belo hábito essencial do homem, que é contar histórias, pode levar ao assassinato, agressão física, consumo de drogas e exposição de cadáver? Mesmo antes de existir uma igreja que nos dissesse o que é do demônio e o que não é, o homem já exercia o hábito de contar histórias, seja nas paredes das cavernas ou nas belas trovas, mas ainda antes do homem pensar em contar suas desventuras, já existiam os assassinos. Todas essas coisas fazem parte do homem, e não vai ser o banimento de livros que fará com que isso mude. A Igreja já tentou isso no Index Librorum Prohibitorum no século XVI e o resultado foi a destruição de livros importantíssimos e um atraso mental geral da população por anos. Se o objetivo for imbecilizar a população, aí sim, eu concordo com a lei.
Deve-se ressaltar que o ser humano possui o maldito livre arbítrio, ou seja, pode-se proibir o RPG, mas a opção por matar, usar drogas e o resto da lista estará lá, sempre. Nos anos 80, havia um certo modismo, principalmente entre jovens americanos, fascinados pela morte, de ficarem próximos a cadáveres, mas isso por influência de filmes de horror e também porque o satanismo era moda, mas eles que escolheram isso, o filme não chegou à suas casas com mensagens subliminares ou outras coisas para dizer “adorem o capeta”. Nas universidades, digo sem medo de errar que pelo menos 80% dos alunos que jamais ouviram falar de RPG usam, no mínimo, maconha, possivelmente, todo dia. A agreção física pode ser explicada até pela ciência, são pessoas com baixo nível serotoninérgico que se enfurecem por qualquer coisa e, convenhamos, em qualquer jogo existem os maus perdedores. E tirando o assassinato que é mais comum em baile funk que em sessões rpgísticas, nada daquela lista é nem um pouco ilegal e nem faz sentido, pois eu já li alguns dos livros, muito bem escritos por sinal, mas não cheguei a ler nenhuma mensagem me mandando me alcoolizar e garanto, estou entre os raros universitários que não bebem ou fumam.
Agora que já dissertei sobre a falta de sentido nas alegações legais, vamos analizar um caso mais específico, o caso da famosa “menina de Ouro Preto”, aquela que, supostamente, foi assassinadas em uma sessão de RPG em um ritual satânico por seus amigos, um fato que gerou sussecivas matérias e switches infinitos praguejando contra o jogo e até uma risível interpretação de Arnaldo Jabor no Jornal da Globo, utilizando de toda sua parcialidade para dizer com todas as letras e em rede nacional “RPG é coisa do diabo”. O que a maioria da população não faz nem idéia, é que a menina em questão estava envolvida com drogas (mais uma universitária comum) e arranjou problemas com o traficante que resolveu matá-la e as pessoas superticiosas juntaram a macumba do cemitério em que foi morta com o fato de jogar RPG e soltaram essa versão fantasiosa e tosca. Muito tempo depois, os jornais publicaram erratas sobre o acontecimento, mas tão pequenas que ninguém deve ter sequer reparado. Agora, graças ao 4º poder, a mídia, as pessoas acreditam num tal de “jogo que mata pessoas”, mas não estamos falando de Jumanji, mas de um inofensivo livro que, no máximo, pode fazer com que as pessoas contestem a existência de Deus e isso é um ultrage enorme em nosso país onde a grande maioria são católicos e evangélicos disputando para ver quem consegue mais fiéis ou quem consegue legitimar sua ordem de maneira mais eficaz.
Nesse rítmo, nosso país não será apenas o único a proibir os jogos de role-play, mas também proibirão Nietzsche, Marx, filmes de horror e qualquer outra coisa que lhes pareça ofensiva e, no caso da cultura oriental, já existem até processos para banirem os mangas.
Lula, não estão pedindo seu autógrafo, leia o que você assina, pode estar matando alguém por isso, nesse caso, matando nosso livre arbítrio, nossa opção de escolha, e nossas mentes. A proibição da literatura só vai causar um país mais burro e ignorante, mas o que estou falando? Afinal é isso mesmo que os políticos pretendiam desde a velha república... Se voltarão com a ditadura ou o Index, façam de vez e parem de comer pelas beiradas, assim eu posso deixar meu país sem arrependimentos.